Quando a noite deixou a infância, virei-me ao tempo que a noite cala. E era tudo isso: a varanda virando-se à lua, feito maré molhando praia, revelando o vento, cortando o tempo em paisagem, passagem do pensamento...Foi o tempo da imagem na consciência adolescente mais o furor da linguagem a se despir em verso... (e a brincar de dis-soar o tempo, fatiá-lo em espaço-palavra, recortar a noção da razão ao mínimo detalhe do verbo na página que não é.
Depois, mais adiante, veio o fim da noite, mas nunca que ela se calou, porque ficou aqui e ali a imagem da lua e a varanda a ela se virando, feito maré molhando praia em dia escuro de sol, feito teima de garoto em dia de chuva no despiste que o sentido do coração tantas vezes toma...Quando a noite deixou a infância, invadiu-me a inconstância adolescente da linguagem e ficou esta varanda - o jeito todo com que a varanda só conseguia olhar a lua e a lua, insana, silente...a despertar inocente ao mundo que nunca mais a quis inerte...
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