Wednesday, December 18, 2013

nós, os dois, em nome de tom maior, o amor...

o sol quando encontra o céu é só silêncio de (não) desespero, silêncio surdo de alvoroço, porque as nuvens sossegam e o tempo é infância. porque o tempo que estamos longe, reiteramos o afeto. o tempo que nos distanciamos, em proximidade, morremos.  e quando nos aproximamos, é só som de mar. som de nuvens em ondas de ontem. som de marolas que pulamos em sonhos, esgarçando a vida, tornando-a elástica ao potencial dos ventos e da capacidade amazônica de transbordar vegetais, plantas, sementes e suavidade-ácida de cubiu e araçá-boi, em terra de planagem doce, em terra de vida longa...

quando o sol encontra o céu é só som de silêncio-menos-desespero, porque nos reencontramos em som de tom maior, esse senhor, de nome amor...

Sunday, December 01, 2013

deselegante-mente: des-ativ-ando a prece, congruente, nossa de cada dia de trabalho
em trabalho, de parto de texto
rompendo amarras
feito cordão
desacordado
do umbigo...
& depois é só o que não se lê: a chuva insossa do domingo, o sol escaldante da segunda-feira
& a cigarra saindo do armário...- depois da temporada em Nova Iorque &

Tuesday, November 26, 2013

A tarde caindo no encontro da noite chegando, em Pato Branco...

O espetáculo da vida é o sol a se esconder horizonte afora e a linha do horizonte, cor de rosa-meio-alaranjado-feito dia de glória, após tormenta de ferida exposta. e as nuvens se aconchegando em quase-rebuliço, mas as ondas do céu são aves e som-claras. Esquecem as mágoas e perpassam tempestades. As araucárias encobrem pássaros e patos de que perdemos vista. E depois vêm sempre os sonhos das dashas...
Agora sai o sol saltetante
sorrindo sereno
 sem vírgulas sonolentas

 servindo sereias.

Sunday, November 10, 2013

Hoje bastava-me estar só. bastava-me ser eu mesma. bastavam-me os raios do sol pelas frestas da persiana. sol em demasia. bastavam-me as folhas farfalhando em quase silêncio. bastava-me esta pouca voz. bastava-me toda a solidão diária. bastava-me o acaso. apreciado. bastava-me o que não sou, sempre, . bastava-me o que me basta. mas hoje é outro dia que não hoje. hoje é o ontem que perdi, o ontem que deixei escapar e que me faz ser isso que não sou. hoje é o amanhã que nunca chega e o hoje que deixo de viver em cada palavra que destoa em (des)razão.

hoje, bastava-me. a vida toda. 
mas, ainda não é hoje...

Friday, October 18, 2013

era um lastro de pena. uma solicitude. um sorriso. uma lágrima ao reverso. menos todo o peso da existência. o que dava vida ao dia: o amor com que nos movíamos: semblante, sombra, tudo menos o medo e a não-vontade. isso é o que era. e o que era no sempre. na voluptuosidade do que fica. na não-volúpia de cada instante. na volumosa densidade da água. na intermitente remissão de um vôo. as asas no horizonte. o resto era só...(esta lembrança).

Sunday, October 06, 2013

Custa-me sempre tanto deixar Portugal...custa-me uma espécie de saudade inerente, de sempre ter de me ir embora de mim, deste eu que é ancestral e em fusão com tantos outros eus que me compõem. Custa-me ter de dizer adeus aos que são tão caros a mim. Custa-me saber que um oceano e mais alguns km ficarão entre uma ponta do amor e a outra. E que os dias terão que se ficar entre a memória e a promessa deste sentimento suave que é a vida em harmonia...Mas, custar-me-ia mais não ter a esperança de que o tempo avança ao reencontro e à proximidade das duas pontas do amor que se vão separar pelo Atlântico, mais uma vez. (e têm sido trinta e duas vezes desde 2009...e mais antes, desde 2007)... Chega um tempo em que já não se quer a saudade, nem a idéia da saudade, só, talvez, o conceito literário da saudade nas obras dos outros. É preciso viver o sol que nos brinda o vôo de todas as gaivotas que cantam a promessa das futuras travessias...

Monday, September 02, 2013

mar-s-e-m-tempo

o céu em cinza ziguezagueia e brinca de tempo-presente quando o tempo-será é inexistente e depois vem a lua vem a mão da lua o sol que não é céu mas é o diabo do tempo em esperança porque todo dia teima em ser temporar-i-a-mente vibrante e a tua voz parte cedo e é quando percebo que neste tempo não nos cabem os des-enganos só permanências de não-ser e porque não há porquês só certezas incertas de comer cantigas amarelas-amarulas-da-infância e as amizades que não-são e só o tempo bastando bastardo o alimento-roxo-esdrúxulo-&-à-tinta...somos sóbrios ébrios sem brio e só calamidades mas os gregos souberam daquilo que nos a-grega: tempo inteiro tão tenaz de tecido que murcha barriga de ouvir falar de perito de mosquito de defunto e fim de mundo mudo tempo: a vida é escassa e o tempo se esgota antes do tempo-será.

então, será preciso mais disso e mais daquilo e menos disso&daquilo. Será preciso o encontro-que-não-é. 

O encontro-tempo. O encontro-encanto.O encontro-pirilampo. O eu de mim-mar-morto. O eu-de-mim-trêmulo. e murmúrio-mar. murmúrio-marulando-dormências-de-amor...

Sunday, August 11, 2013

o fio do sono partido é uma nuvem desfeita em chuva, é um campo molhado de muito orvalho e é o coração desfeito, refeito em desamor. quando a noite é muito fria, sobra a ode ao verão e a nuvem suspensa, por um fio que não é o fio do sono, mas a catástrofe da vida: insônia. o fio do sono  é e só. e quando teima em ser muito feliz, vêm as ondas de verão e os pássaros e guias, os cães...

Saturday, June 22, 2013

Das Decisões num clique e de baderneiros-manifesteiros: porque manifestantes somos!
Eu queria falar de duas questões e aproveito o momento do sábado de frio para encurtar num único texto: o repúdio à violência, em tempos de manifestações sociais desordenadas e governadas, e das decisões no toque de um clique...
Aparentemente, são coisas distintas. Aparentemente, são “eventualidades” que poucos enfrentam em desafio político. Mas, estão ligadas. Assim como estiveram ligadas as recentes manifestações no resto do mundo, como o Occupy-NY.
Desoccupy-mente-vazia: baderneiros-manifesteiros não são manifestantes porque são governados. São manifesteiros: festejam às custas da crítica que nunca vencem. Ou, vencem sempre aos tapas dos trancos das decisões tomadas num clique (politiqueiro). Ou, em muitos cliques politiqueiros. Manifestantes somos. Manifestantes estamos. Eu sou manifestante desde que fui cara-pintada para tirar o CoLLor e nunca mais veria algo tão suave em política! Impulsionados jovens que éramos pelo desafio da democracia recente brasileira, acreditávamos estarmos guiados por um ideal. Perguntas: 1- qual o ideal de hoje? (o de sempre: dignidade humana). 2- sabíamos que estávamos sendo “bancados” pelos partidos políticos de “esquerda” (pstu, pt, & cia ilimitada de idiotas)? (alguns de nós sempre soubemos. Outros souberam logo depois; e ainda outros, somente, mais tarde). 3- Quem banca essas manifestações? Será a alucinação do vazio geral sem propósitos pontuais ou será um aglomerado de propósitos que se resumem à violência? Ora, não, manifestantes não são manifesteiros e não precisam depredar nada, quando têm espaço e tempo para protestar.
Fica aqui o meu protesto: contra a violência, contra a boçalidade ideológica, a rusga para com a inevitabilidade do capital. Pergunta final: quando é que de fato encontraremos soluções eficazes para os disparates do mundo óbvio do capital? Não é por manifesteiros e seus descalabros adolescentes, que tanto se assemelham as atitudes PTistas desde LuLLa e a crescente corrupção...Mas, pela cobrança justa dos que se (com)prometeram com a política. Tiveram o voto da maioria. E agora? (Parafraseando Carlos Drummond, “- E agora, José? E agora Maria... E agora povo brasileiro?”)...

E, por fim, como  é que os eleitores se voltam “estrategicamente” (?) contra alguém em quem votaram? É salutar que a insatisfação gere protesto. Mas, há limites. E estes não têm a ver com o(s)  financiador(es) dos tumultos, nem com os variados descontentamentos pessoais dos manifesteiros, mas têm que ter amparo no que querem os manifestantes. O quê, afinal? Será legítimo? Já sei que vêm respostas...e que estas impulsionarão a força da mudança...  

Sunday, June 16, 2013

que todas as estrelas sejam Sol. e que o sol se desmanche em estrelas. sem mais. nem sol em cinza de nuvem cru. nem nuvem antiga em horizonte azul.

Tuesday, April 30, 2013

Estou n´Uma Tarde Tranquila em que os bosques têm tons de verde além das almas desesperadas de afeto. Todo o universo é verde, exceto o fio de cabelo na rua cinza. Onde, ninguém passa. Onde, passam todos. Menos o afeto. Mãos enlaçadas em ollhares sobre o rio que atravessa a ponte, n´Uma Tarde Tranquila, de David L.Cawthotne e eu só quero terminar outro texto. Este? pode ser infinito...

Monday, April 29, 2013


Do Leste que não temo...
O cinza zomba desespero nas montanhas da paisagem diante de minhas vistas. Mas,  minhas vistas não zombam do cinza, nem das montanhas, muito menos do sol, porque sabem que deles todos dependem. Minhas vistas só existem porque há verde, cinza, sol em palidez ou polidez. Minhas vistas só zombam da falta de canção do fim do dia, porque é quando encontram a melodia certa do cinza nas pradarias e montanhas, quando o sol já sem palidez, pousa pequenino na imensidão oeste do Teu infinito... - o resto é temor em teimosia...

Saturday, April 27, 2013

Para além do tempo, a vida.
O resto é sul sem água. O resto, disseco em desgosto, desgraça abatida em vento que as águas do rio só levam e me fazem regressar à origem das origens, a foz do coração, onde a vida pulsa, para além do tempo. para além das palavras. para além do mistério do pulsar. Para além do tempo...
Noite em tarde de silêncio. Deve haver algum barulho que não seja barulho. Alguma cançao que seja só literal-mente. Sem acessórios, sem as metáforas das nuvens sendo barcos, as minhas palavras, adoçante em tempo de dieta. Quero o doce estrondo das ondas. Lá, onde é sempre infância. Quero o mar marejando o tempo, fazendo-nos crer que amanhã será só o sol. E depois, sonho. Hoje, noite sem destino. Noite, sem manhã. Só. a noite. teus (a)braços. Minha latência. Repetências emotivas de sentimentos que seguem sem correção, feito caligrafia de moleque endiabrado. Diabrices a parte, eu quero a manhã, porque esta noite é sem tempo. E eu gosto quando nas manhãs me perco. Quando ando sem limites à beira-mar, em busca das estrelas, que caíram n´água com a luz do dia. Noite em tarde de silenciamentos. Só que isto é uma fala. E duas e três e de quantas pessoas isso lerem...Noite em tempo: manhã.

Friday, February 22, 2013

Definição de Um Poeta

DEFINIÇÃO DE UM POETA Um poeta é alguém que já passou da hora. Já passou do tempo. Maturou sem esperar e sem esperança. E por causa da falta de esperança. Buscou as palavras. Busca as palavras. E sempre fracassa. Fracassa por não dizer, por dizer demais, por dizer o que não queria ter dito. E porque as palavras são feito cobras, são como as pessoas que nos fazem esquecer que o amor é possível. Um poeta não é um lunático. Um poeta é. E é porque escreve. O poeta está farto de pagar a conta. E não quer mais pagar a conta: a água esbarra no asfalto quando pisa, o asfalto derrete-se em desleixo e os queixos (re)quebram nas esquinas vazias de opacidade, ecos de memórias falidas em veleidades, egos em relevos. O poeta está farto de tudo isso e precisa falar. E ninguém o ouve. Ninguém quer ouvi-lo. O volume da imagem abóbora do encardido ensolarado da tv é mais insinuante na promessa de um bom desfecho para a semana cinza-escura e lacrimosa com que as pessoas conduzem as suas vidas. Um poeta não é um lunático. Não é alguém que troca as meias e os sapatos e se faz passar por um lunático. Um poeta é um pobre infeliz que só quer encontrar a paz e as palavras o confundem... E ele se deixa levar pela suavidade dos sons convidativos da língua e se encanta com as suas possibilidades fruidoras...até que leva o golpe do silêncio, do ruído mais estridente do silêncio que lhe custa mil textos em branco ou da camuflada falta de assunto que lhe faz digerir o segredo da vida: o seu mistério. Um poeta não é um marxista de pijama, um esquerdista eternamente descontente, achando que pode salvar o mundo da barbárie capitalista. Um poeta é só alguém que junta o x com s e ao fim da z, com todas as vogais. Um poeta é só. E só é poeta porque reinventa. É incansável no reinventar. E este fato em si o torna um verdadeiro revolucionário, sem esquerdismos ou partidos, como os jovens que têm gritado nas ruas de Lisboa... E um poeta embebeda-se só de idéias. O resto é bêbado.