Sunday, May 11, 2014

Bênção, Mãe!

Das entranhas de ti, o que sou. Da tua força, garra e dor, eu. Do que deixaste para trás, o futuro. Do que sonhaste, pesadelos. Das tus lágrimas solidificadas, choro esquecido, transformado em riso. Das noites mal dormidas, dias ensolarados. Da vida que se esvai, e mais outro tanto. Das tuas alegrias, alguma mais felicidade para mais tristeza, porque este é o ciclo. Outro ciclo. Aquele que pensa controlar todos... Mas, o universo é tão pequeno e cabe nas tuas entranhas e no que não sou, sendo. O universo é imenso e escapa dos teus anseios, meu e teu percurso. Das entranhas de ti, uma voz a mais no mundo sem silêncios para roubar o teu silêncio, para te honrar à eternidade, porque tu és metonímia do que nos escapa, mãe, o Universo...

Tuesday, May 06, 2014

Das minhas sombras – tuas linhas, curvas...

Uma parte de mim é o que de mim se distancia e de ti se aproxima; outra parte é este teu eu que desconheço e que julgo amar; depois, entre um e outro eu, há o eu-ninguém, o eu-de-sempre, o eu-capaz-de-qualquer-atitude, o  eu-sem-qualquer-lamento-e-todas-as-lamúrias; há o eu-teu-meu e o eu que só carrego em pensamento e desabotôo em noite insone, em manhã fria, em caldeirão com pimenta. Uma parte de mim é o que as palavras registram; outra, a de todos os meus silêncios, tuas palavras. Depois, há o espelho. E as refrações. Reflexos. Reentrâncias...- menos a linguagem.