Há palavras que têm destas coisas. O QUASE é uma delas. É quase como se fosse...uma intempérie, um passo torto, uma distância inexistente, destas que existem só em lembrança ou de vivência alheia... O QUASE atormenta quem gosta de esquemas. Quem vive de besteiras.
No mais, é só e sempre QUASE!
Vejamos...
Há o quase do quase: o que é já não sendo, o que foi e nunca foi, o que não é e sempre o é. Este é o quase: o híbrido do que se não é, do que se é e do que se pretendeu ser, do que se pensa ser e se desconhece... O quase é um fruto verde, ou uma fruta madura, é o momento antes do beijo e depois do abraço. O olhar antes da palavra e depois da consciência do erro. O quase é também o que se deixa de pensar e de se fazer. O que não nos permitirmos. O quase é o medo, mas é também o êxito do (não) descuido - ou, claro, a descuidada estupidez! O quase é só quase porque é precaução e porque é temor. E entre um e outro, vive no limbo, aparente, claro. Porque o quase é senhor. Veja só: quase sabemos das coisas. Depois, quase morremos. Quase percebemos algo...Quase nos deixamos levar (pela palavra quase)...e pelo dia, quando é quase noite ou pela noite, quando é quase manhã...e a audácia perigosa do QUASE deixa de ser crime e passa a ser aliança...e fica ainda mais perigoso...
No comments:
Post a Comment