Friday, May 27, 2011

Morada antiga

A casa ocupa a imensidão do céu, quando é verão. E na casa, há o verão para sempre. Parece. A tarde ocupa-se do tempo em que o vento é só. O vento. E das árvores saem escamas que cobrem as pessoas. Da tarde, somos envoltos em tulipas e lírios feito as penas dos pavões que colorimos, quando éramos crianças, nos cadernos que se perderam. A casa ocupa a imensidão do céu: a linguagem do sonho, em (des)silêncio, a conjugação dos tempos (passado e presente menos o futuro, que é para onde nunca iremos). A casa é só. Nuvem. Encanto. Véu e transparência. A casa é este silêncio em forma de pensamento: o fim da tarde, a noite mais outra, a se desdobrar na memória que desconhecíamos. A casa é.

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