(todo)
VINTE E UM DE MARÇO
Hoje é o dia da Poesia. dia da
(des)mesmice. da não-barbárie. da alegria. que contagia. do tempo do silêncio
na alma do infinito. hoje é o dia da Poesia (porque nos outros não há Poesia?).
há meia-dívida com a palavra que soletra o desaforo e impera o choro ou a
grande selvageria. e sempre grita a menor intempérie. hoje deveria ser sempre. hoje.
palavra de carne e osso. palavra de sangue a honrar o que não se celebra como
verbo derradeiro. hoje para nunca mais. hoje
para sempre. da nuvem ao horizonte. Hoje não é dia da minha poesia. deveria. ser
dia de toda a poesia. sem maiúsculas ou minúsculas. só sendo. para que se
fizesse o verbo cerne de toda a intenção. verbo (in)certo e certeiro: rimas mal
passadas, ritmo insólito do vento sem imagem, pausas acentuadas – para enlouquecer
donas de casa e madrinhas de escola de samba, senhores crentes... Não importa.
Porque isso importa: A POESIA É SEMPRE, o tanto que não vemos do tempo que se
esvai: o teu eu que retiro do meu, o meu eu que reverbera o teu, a palavra
maldita, sempre a ser dita. ou, só o
silêncio teimoso por entre linhas, versos (?) escondidos em estrofes
condensadas. Hoje é o dia de toda a Poesia, para que não nos esqueçamos do que se
tornou diminutivo no mundo imperial dos devaneios...ritmos reverberando batuques (silenciosos ou menos) construindo lenta-mente o que se
esvai...