a lua está próxima hoje. e
teus dedos não a alcançam. só este resquício de pensamento. vontade. a lua está
grande feito unha-crescente, quando os dedos teimam em teclar. e está tão
próxima. as tuas palavras, que mais distantes. e de repente, desejo subir a lua
e lá permanecer, girando, contigo, de ponta a ponta da unha brilhosa. mas, a
lua está distante – e tão próxima. como quando contávamos as estrelas nas
noites que nos apeteciam os saberes do universo, quando o atravessávamos,
querendo ser mais humanos e menos nós-mesmos. a lua, é esta que te trago e tu
devoras, feito pipoca de palhaço, feito fantoche em domingo calamitoso de cão
raivoso. a lua está distante e tão próxima. porque estamos longe e tão
próximos...
Tuesday, June 03, 2014
Sunday, June 01, 2014
Criança-sempre
sonho
de gente grande tem que sempre vir com S maiúsculo, feito casa de concreto,
menos os sonhos de bonecas e gatos pulando entre vãos, portas e janelas. sonho de gente grande tem a pequenez do tempo
como os limites dos doces nas tardes de brincadeiras quase infinitas menos o
aroma do que acelera o coração: abraço de pai, beijo de mãe, cosquinha que os
irmãos nos fazem arbitraria, e fugazmente. sonho de gente grande é quando
criança reaparece assim quando o adulto dela se esquece, mas é sempre muito
rápido o passo entre a casa de brinquedos, e o mundo de concreto. mal sobra
sorriso de lágrima ou de chuva, quando é verão bem forte e o calor transpira
céu abaixo....
Sunday, May 11, 2014
Bênção, Mãe!
Das entranhas de ti, o
que sou. Da tua força, garra e dor, eu. Do que deixaste para trás, o futuro. Do
que sonhaste, pesadelos. Das tus lágrimas solidificadas, choro esquecido,
transformado em riso. Das noites mal dormidas, dias ensolarados. Da vida que se
esvai, e mais outro tanto. Das tuas alegrias, alguma mais felicidade para mais
tristeza, porque este é o ciclo. Outro ciclo. Aquele que pensa controlar
todos... Mas, o universo é tão pequeno e cabe nas tuas entranhas e no que não
sou, sendo. O universo é imenso e escapa dos teus anseios, meu e teu percurso.
Das entranhas de ti, uma voz a mais no mundo sem silêncios para roubar o teu
silêncio, para te honrar à eternidade, porque tu és metonímia do que nos
escapa, mãe, o Universo...
Tuesday, May 06, 2014
Das minhas sombras – tuas linhas, curvas...
Uma parte de mim é o que de mim
se distancia e de ti se aproxima; outra parte é este teu eu que desconheço e
que julgo amar; depois, entre um e outro eu, há o eu-ninguém, o eu-de-sempre, o
eu-capaz-de-qualquer-atitude, o
eu-sem-qualquer-lamento-e-todas-as-lamúrias; há o eu-teu-meu e o eu que
só carrego em pensamento e desabotôo em noite insone, em manhã fria, em
caldeirão com pimenta. Uma parte de mim é o que as palavras registram; outra, a
de todos os meus silêncios, tuas palavras. Depois, há o espelho. E as
refrações. Reflexos. Reentrâncias...- menos a linguagem.
Friday, March 21, 2014
(todo)
VINTE E UM DE MARÇO
Hoje é o dia da Poesia. dia da
(des)mesmice. da não-barbárie. da alegria. que contagia. do tempo do silêncio
na alma do infinito. hoje é o dia da Poesia (porque nos outros não há Poesia?).
há meia-dívida com a palavra que soletra o desaforo e impera o choro ou a
grande selvageria. e sempre grita a menor intempérie. hoje deveria ser sempre. hoje.
palavra de carne e osso. palavra de sangue a honrar o que não se celebra como
verbo derradeiro. hoje para nunca mais. hoje
para sempre. da nuvem ao horizonte. Hoje não é dia da minha poesia. deveria. ser
dia de toda a poesia. sem maiúsculas ou minúsculas. só sendo. para que se
fizesse o verbo cerne de toda a intenção. verbo (in)certo e certeiro: rimas mal
passadas, ritmo insólito do vento sem imagem, pausas acentuadas – para enlouquecer
donas de casa e madrinhas de escola de samba, senhores crentes... Não importa.
Porque isso importa: A POESIA É SEMPRE, o tanto que não vemos do tempo que se
esvai: o teu eu que retiro do meu, o meu eu que reverbera o teu, a palavra
maldita, sempre a ser dita. ou, só o
silêncio teimoso por entre linhas, versos (?) escondidos em estrofes
condensadas. Hoje é o dia de toda a Poesia, para que não nos esqueçamos do que se
tornou diminutivo no mundo imperial dos devaneios...ritmos reverberando batuques (silenciosos ou menos) construindo lenta-mente o que se
esvai...
Saturday, March 15, 2014
Wednesday, March 12, 2014
Receita Terapêutica & (des)Temperada:
Que o mundo gire. Que a roda se
deforme. Que a transparência seja a ausência. Que a presença se desafie em
ausências. Que o mundo pare. E volte a girar. Que a alegria contagie, menos o
plano do amor-encerrado-em-si-mesmado. Que a roda volte a ser firme &
circular. Que o mundo declame. Nada desta poesia. Isso não é poesia. Isso é
reclame em blog de fantasia. Menos.
Saturday, March 08, 2014
Femin-inando
De todas as partilhas,
o feminino. No plural. E no feminino, que também é gênero. Ser mulher, menos.
Ser menos = mulher. Ser no feminino, antecedendo todas as formas plurais. Ser
dividida. Ser excluída. Ser sem perdão, nem piedade. Ser-estando. Ser-não-sendo,
para desmentir quem é e tombar no masculino. Tomar do masculino. Em-bebedar-se.
Obrigação. Obrigatório. Destemido. Ser mulher = ser gorda, mesmo que anoréxica.
Ser mulher é ter cabelos e, para alguns milhares de muçulmanas, não tê-los.
Prender as vistas de suspiros expostos. Romper choros abrasivos; alguns,
abusivos, convulsivos compulsiva-mente de carências: econômica, social,
afetiva. Ser no feminino: nascer para ser menos. Ser só. Sempre. E no
plural-monolítico de si. De todas as partilhas, este lado choramingo: dia que
tem que ser dia em que não se é ou só se é para não sê-lo. E continuar hipocrisias.
E fantasiar mentirosas idolatrias e igualdades legítimas. De todas as
partilhas, o feminino, menos a humanidade, sempre, masculina.
Saturday, February 08, 2014
Dia Nascente
quando o horizonte brinca de tempo-será com o sol a melodiar, é tempo de voar e fazer dos sonhos de Ícaro os olhos desembaçados de mais uma nova aurora...tempo de não-espera, sorriso-violeta, pernas inteiras, com a vermelhidão do sol a crescer céu acima...e o verão-doce-menos-Curitiba-35oC acelerando o coração...
quando o horizonte brinca de tempo-será com o sol a melodiar, é tempo de voar e fazer dos sonhos de Ícaro os olhos desembaçados de mais uma nova aurora...tempo de não-espera, sorriso-violeta, pernas inteiras, com a vermelhidão do sol a crescer céu acima...e o verão-doce-menos-Curitiba-35oC acelerando o coração...
Thursday, January 23, 2014
No dia do casamento...
A chave era grande. Do
tamanho do telhado. A fechadura era imensa. Do tamanho pavoroso de uma fenda na
terra. Na tenda dos amores. A chave era grande e não cabia no bolso da calça. A
calça era grande e não amassava nota alguma. A chave era pequena no planeta
terra todo... O sol era só disparar...e dissipar o que era menos atalho.
Atávico ambrósia. A chave. A chave... – e só se usavam saias...
Wednesday, December 18, 2013
nós, os dois,
em nome de tom maior, o amor...
o sol quando
encontra o céu é só silêncio de (não) desespero, silêncio surdo de alvoroço, porque
as nuvens sossegam e o tempo é infância. porque o tempo que estamos longe,
reiteramos o afeto. o tempo que nos distanciamos, em proximidade, morremos. e quando nos aproximamos, é só som de mar. som
de nuvens em ondas de ontem. som de marolas que pulamos em sonhos, esgarçando a
vida, tornando-a elástica ao potencial dos ventos e da capacidade amazônica de
transbordar vegetais, plantas, sementes e suavidade-ácida de cubiu e araçá-boi,
em terra de planagem doce, em terra de vida longa...
quando o sol
encontra o céu é só som de silêncio-menos-desespero, porque nos reencontramos
em som de tom maior, esse senhor, de nome amor...
Sunday, December 01, 2013
deselegante-mente: des-ativ-ando a prece, congruente, nossa de cada dia de trabalho
em trabalho, de parto de texto
rompendo amarras
feito cordão
desacordado
do umbigo...
& depois é só o que não se lê: a chuva insossa do domingo, o sol escaldante da segunda-feira
& a cigarra saindo do armário...- depois da temporada em Nova Iorque &
em trabalho, de parto de texto
rompendo amarras
feito cordão
desacordado
do umbigo...
& depois é só o que não se lê: a chuva insossa do domingo, o sol escaldante da segunda-feira
& a cigarra saindo do armário...- depois da temporada em Nova Iorque &
Tuesday, November 26, 2013
A tarde caindo no encontro da noite chegando, em Pato Branco...
O espetáculo da vida é o sol a se
esconder horizonte afora e a linha do horizonte, cor de
rosa-meio-alaranjado-feito dia de glória, após tormenta de ferida exposta. e as
nuvens se aconchegando em quase-rebuliço, mas as ondas do céu são aves e som-claras.
Esquecem as mágoas e perpassam tempestades. As araucárias encobrem pássaros e
patos de que perdemos vista. E depois vêm sempre os sonhos das dashas...
Sunday, November 10, 2013
Hoje bastava-me estar só. bastava-me ser eu mesma. bastavam-me os raios do sol pelas frestas da persiana. sol em demasia. bastavam-me as folhas farfalhando em quase silêncio. bastava-me esta pouca voz. bastava-me toda a solidão diária. bastava-me o acaso. apreciado. bastava-me o que não sou, sempre, . bastava-me o que me basta. mas hoje é outro dia que não hoje. hoje é o ontem que perdi, o ontem que deixei escapar e que me faz ser isso que não sou. hoje é o amanhã que nunca chega e o hoje que deixo de viver em cada palavra que destoa em (des)razão.
hoje, bastava-me. a vida toda.
mas, ainda não é hoje...hoje, bastava-me. a vida toda.
Friday, October 18, 2013
era um lastro de pena. uma solicitude. um sorriso. uma lágrima ao reverso. menos todo o peso da existência. o que dava vida ao dia: o amor com que nos movíamos: semblante, sombra, tudo menos o medo e a não-vontade. isso é o que era. e o que era no sempre. na voluptuosidade do que fica. na não-volúpia de cada instante. na volumosa densidade da água. na intermitente remissão de um vôo. as asas no horizonte. o resto era só...(esta lembrança).
Sunday, October 06, 2013
Custa-me sempre tanto deixar Portugal...custa-me uma espécie de saudade inerente, de sempre ter de me ir embora de mim, deste eu que é ancestral e em fusão com tantos outros eus que me compõem. Custa-me ter de dizer adeus aos que são tão caros a mim. Custa-me saber que um oceano e mais alguns km ficarão entre uma ponta do amor e a outra. E que os dias terão que se ficar entre a memória e a promessa deste sentimento suave que é a vida em harmonia...Mas, custar-me-ia mais não ter a esperança de que o tempo avança ao reencontro e à proximidade das duas pontas do amor que se vão separar pelo Atlântico, mais uma vez. (e têm sido trinta e duas vezes desde 2009...e mais antes, desde 2007)... Chega um tempo em que já não se quer a saudade, nem a idéia da saudade, só, talvez, o conceito literário da saudade nas obras dos outros. É preciso viver o sol que nos brinda o vôo de todas as gaivotas que cantam a promessa das futuras travessias...
Monday, September 02, 2013
mar-s-e-m-tempo
o céu em cinza
ziguezagueia e brinca de tempo-presente quando o tempo-será é inexistente e
depois vem a lua vem a mão da lua o sol que não é céu mas é o diabo do tempo em
esperança porque todo dia teima em ser temporar-i-a-mente vibrante e a tua voz
parte cedo e é quando percebo que neste tempo não nos cabem os des-enganos só
permanências de não-ser e porque não há porquês só certezas incertas de comer
cantigas amarelas-amarulas-da-infância e as amizades que não-são e só o tempo
bastando bastardo o alimento-roxo-esdrúxulo-&-à-tinta...somos sóbrios
ébrios sem brio e só calamidades mas os gregos souberam daquilo que nos
a-grega: tempo inteiro tão tenaz de tecido que murcha barriga de ouvir falar de
perito de mosquito de defunto e fim de mundo mudo tempo: a vida é escassa e o
tempo se esgota antes do tempo-será.
então, será preciso
mais disso e mais daquilo e menos disso&daquilo. Será preciso o
encontro-que-não-é.
O encontro-tempo. O encontro-encanto.O encontro-pirilampo. O eu
de mim-mar-morto. O eu-de-mim-trêmulo. e murmúrio-mar. murmúrio-marulando-dormências-de-amor...
Sunday, August 11, 2013
o fio do sono partido é uma nuvem desfeita em chuva, é um campo molhado de muito orvalho e é o coração desfeito, refeito em desamor. quando a noite é muito fria, sobra a ode ao verão e a nuvem suspensa, por um fio que não é o fio do sono, mas a catástrofe da vida: insônia. o fio do sono é e só. e quando teima em ser muito feliz, vêm as ondas de verão e os pássaros e guias, os cães...
Saturday, June 22, 2013
Das Decisões num
clique e de baderneiros-manifesteiros: porque manifestantes somos!
Eu queria falar de duas questões e aproveito o momento do
sábado de frio para encurtar num único texto: o repúdio à violência, em tempos
de manifestações sociais desordenadas e governadas, e das decisões no toque de
um clique...
Aparentemente, são coisas
distintas. Aparentemente, são “eventualidades” que poucos enfrentam em desafio
político. Mas, estão ligadas. Assim como estiveram ligadas as recentes
manifestações no resto do mundo, como o Occupy-NY.
Desoccupy-mente-vazia:
baderneiros-manifesteiros não são manifestantes porque são governados. São
manifesteiros: festejam às custas da crítica que nunca vencem. Ou, vencem
sempre aos tapas dos trancos das decisões tomadas num clique (politiqueiro).
Ou, em muitos cliques politiqueiros. Manifestantes somos. Manifestantes
estamos. Eu sou manifestante desde que fui cara-pintada para tirar o CoLLor e
nunca mais veria algo tão suave em política! Impulsionados jovens que éramos
pelo desafio da democracia recente brasileira, acreditávamos estarmos guiados
por um ideal. Perguntas: 1- qual o ideal de hoje? (o de sempre: dignidade
humana). 2- sabíamos que estávamos sendo “bancados” pelos partidos políticos de
“esquerda” (pstu, pt, & cia ilimitada de idiotas)? (alguns de nós sempre
soubemos. Outros souberam logo depois; e ainda outros, somente, mais tarde). 3-
Quem banca essas manifestações? Será a alucinação do vazio geral sem propósitos
pontuais ou será um aglomerado de propósitos que se resumem à violência? Ora,
não, manifestantes não são manifesteiros e não precisam depredar nada, quando
têm espaço e tempo para protestar.
Fica aqui o meu protesto: contra
a violência, contra a boçalidade ideológica, a rusga para com a inevitabilidade
do capital. Pergunta final: quando é que de fato encontraremos soluções
eficazes para os disparates do mundo óbvio do capital? Não é por manifesteiros
e seus descalabros adolescentes, que tanto se assemelham as atitudes PTistas
desde LuLLa e a crescente corrupção...Mas, pela cobrança justa dos que se
(com)prometeram com a política. Tiveram o voto da maioria. E agora? (Parafraseando
Carlos Drummond, “- E agora, José? E agora Maria... E agora povo brasileiro?”)...
E, por fim, como é que os eleitores se voltam “estrategicamente”
(?) contra alguém em quem votaram? É salutar que a insatisfação gere protesto.
Mas, há limites. E estes não têm a ver com o(s) financiador(es) dos tumultos, nem com os variados
descontentamentos pessoais dos manifesteiros, mas têm que ter amparo no que
querem os manifestantes. O quê, afinal? Será legítimo? Já sei que vêm
respostas...e que estas impulsionarão a força da mudança...
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