Wednesday, January 18, 2006

pé na estrada...

Asfalto quente derretendo pneus, tornando rodas geometricamente distantes...cheiro de jazz. O mar é muito denso para qualquer pensamento. A areia, muito fina. O pensamento não cabe no bolso da viagem. Só a alegria nada costumeira da leveza do asfalto na estrada noturna. E o jazz quase virando bossa nova...Ainda bem que ainda é jazz. E os livros tantos aquecem na medida do orvalho que escutamos ao tocarmos o verde quase esquecido das montanhas e desconhermo-nos. Saudade do que pensáramos um dia termos conhecido! 2048: para onde retornaremos após 2046?
A chuva parece distante, como as rodas geometricamente distantes. Desconhecemos rallies. Desconhecemos o deserto. Mas, a chuva parece distante. Deve ser o mar...(e o jazz, que teima, teima e teima...Charlie Parker recriado por Julio Cortázar no metro parisiense...). Imagem do deserto. Só imagem. Imagem só. A chuva parece distante. Deve ser o mar (e o jazz, que sempre teima).

Monday, January 02, 2006

Qual a Ordem/Des-ordem!

A ordem do dia começa pela noite? O jornal estampa a foto de um eqüino...competindo a faixa de uma larga avenida em Brasília com um carro e uma moto. Em que ordem o quê era o epíteto neste caso? A garra da alma parnasiana privilegiaria o cavalo...Nobre, porém, terá sido o asfalto no meio do quase nada nada sartreano dos idos 1950 de JK...Estou quase convencida de que a ordem do dia começa pela noite...
Mas e a noite? Ora, essa nasce no beijo tomado às pressas...e no beijo demorado. No abraço esquecido e sempre retomado na recordação de outro abraço...Nas conversas sobre invenções e mais outras que estão por serem feitas...Nos álbuns de fotografias e nos diários que por muito permanecem rígidos segredos...A noite, depois, se refestela nas ocasiões vespertinas de sortes: as mães atentas, os filhos descuidados, as crianças fatigadas das lições, as bibliotecas estremecidamente murmurantes e quase vazias...os encontros furtivos, as frutas já cansadas, desbotando das árvores e estas, sempre teimando em existir...afinal, é mais que o princípio da noite...A noite está onde estamos todos: concentrados, absortos, mergulhados na vida, princípio do dia...
Melhor ouvir as bacchianas e repensar a Semana de 1922...

Sunday, January 01, 2006

Fofoca Nuestra

O título é Fofoca Nuestra ou Fofoca e Identidade...
Porque estamos ao lado de países de fala hispânica...
Porque nos contaminamos com polieuretano
e shakes emagrecedores...
e comidas fast food
e muito pop nas rádios,
falamos portunhol e nos degladiamos
como soldados romanos
sem a mitologia devida
e o quê restou dos clássicos...
Ouvimos rap, axé e o filho de Pelé
lavarem roupa suja no programa
da Luciana que queria ser Casé
mas deixou de se casar
e foi rockar com o Mick
embaladas pelas ondas
que eram da Garota
que não era surfistinha...
Porque estamos ao lado de países
que nos permitem o Portunhol
Lula tem Chávez
Nas entrelinhas de Simão...
Na Folha
Que não é de Mônica Waldvogel!
Mas porque falamos portunhol
Sabemos Português
E essa linguagem em computador
Deixa de ser uma quase aberração...

Words ´n us...

Have you ever stopped to think of all these words?
What happens to them all?
After we erase them with the button "delete"?
Or, simply, after we store them in a blog?
Do they all get lives of their own?
Do they get the right for happiness, more than us?
Have you ever given them too much credit instead of...
just thoughts?
Have you ever given yourself the chance
for words?
And then
forget
what they might look like
when we die
and they survive
or when we survive
as they die
for example
in moments
after fights?
Have you ever wondered
why there are so many of them
for such few proper ears?
Still waiting
years ahead
of us...
to indicate
the way
to words?
oh god!

Palavras: Silêncio!

Adeus Ano Velho, feliz Ano Novo...
Na verdade, após o dia oficial do silêncio, o primeiro do ano novo, vamos logo acenando Adeus Ano Novo, Feliz Vida Velha: palavras em excesso! Falar demais parece que nunca incomoda, exceto quando chegam aos ouvidos atentos! Todos queremos falar e por isso existe o e-blog! Por isso existem as tantas comunidades orkuteiras! Por isso há livros aparentemente em extravagância, pois nunca são lidos, como as Babéis radiofônicas, sempre interrompidas pelas tarefas que executam praticamente os seus ouvintes, enquanto sugerem audiência...
O dia oficial do silêncio nos garante: não estamos sós na teimosia da fala e precisamos de audiência para nos lembrar que a confusão da prosa em excesso impera, quando se trata da articulação das idéias! E quanta idéia! Idéia dos fios de cabelo que caem, nascem de novo ou escassam, idéias sobre refeições e trajetos, amizades e amores, viagens, trabalhos, simples olhares; idéias sobre rumos alheios...deixando de rumar ou de rumor...para se tornarem outros, talvez, mais ou menos nossos. E tanta idéia: idéia sobre as idéias, sobre os antepassados que pensaram idéias e não as divulgaram plenamente, porque as executaram; idéias sobre a escura falta de idéias e a obscura e fascinante série de idéias eróticas. Silêncio. O mundo está repleto de imagens. Mas nós sobrevivemos, porque amamos mesmo as palavras! Adeus Vida Velha, Feliz Ano Novo!
Palavras nos Acudam: somos simplesmente mortais!