Thursday, January 27, 2011

O frio agudo: inverno-inverso

O silêncio é o gelo do frio. Menos o calor que as palavras ocupam quando a página está em branco. Página de branco (e preto) que a respiração das palavras não ousa. As palavras são todas coloridas. Basta um nó de pensamento. Um nó em pensamento qualquer. E já lá vai o silêncio a se desfazer em desejo: palavra. E o frio se descongela. O frio tenta. Vira verão, se a página é menos. Mas hoje é inverno e o verbo, trans-verso.
Queria logo a primavera, sem esses espaços de verão em ponta de desejo, menos ainda o inverno, o sonho desfeito de quem atravessa o campo da batalha sem verso.
A agudeza do inverno me faz querer (outra) estação em menos silêncio.
Queria logo a primavera…

Friday, January 21, 2011

Sexta-feira: orar...

ar em nuvem
arar a nuvem mais que pensa-m-ento emoção tensão escrita. ar. arar a nuvem como (sor)riso a voar em viagem volta (s)(em) palavra campo arado. ar. arar em nuvem é igual desejo. ar. menos a palavra. arar a nuvem é disparar contra a solidez da história do enlace da vida do que nos dispõe eu-tu-ele. ar. ar. ar. ar. ar. arar. Arara, a ave. Ave! Arara!
Quero nuvem!
(nós)

Saturday, January 15, 2011

Poemando o tempo…

é que o mistério é o tempo nas coisas. o tempo das coisas sem tempo.
e, depois, é todo o mistério do óbvio, de que nos esquecemos.
fora isso, é o tempo sem tempo que é com tempo aos misteriados misteriosos amantes do tempo, o amor.

Thursday, January 06, 2011

Mulheres na presidência...

Sexto dia do ano e a imagem da recém-empossada prirmeira presidenta do Brasil ainda tem efeitos sobre o meu sono: afinal, as mulheres estão onde têm de estar – no poder – porém, não necessariamente, no controle deste poder. Empossar uma presidenta eleita com um coronel, chefe do Senado, cuja filha e família comandam há anos um dos estados com maior descalabro desta nação é para além de perigoso, ainda um retrocesso.
Sexto dia do ano, a imagem da recém-empossada primeira presidenta do Brasil, seus aliados e a sombra das lutas interpartidárias que estão por se travar, mais a chuva por São Paulo e a cinza das horas, que das páginas do Manuel Bandeira foram parar nas avenidas onde há mendigos solitários, a revelar que os programas de governo não foram assim tão eficientes como gostaríamos.
Sexto dia do ano, a cinza das horas e a chuva a secar manhã adentro. Saudades do Brasl. Que nunca foi, nem será, exceto pelos aforismos oníricos dos poetas e dos músicos. O Brasil que nunca foi, como naquele outro poema do Bandeira (e dele ainda tantos outros): “a vida inteira que poderia ter sido e não foi”...O avião da janela do hospital, onde o hospital é uma viagem qualquer, para fora do país, e o avião, o sonho do Brasil crescer em verdadeiro. Não em falso – na minha recriação interpretativa, claro, do poema do Bandeira.
Mulheres nascemos com e para o poder, sem dele precisar. E isso nos faz independentes – claro que aqui falo das mulheres que sabem disso ou isso não ignoram!
Sexto dia do ano e duas únicas certezas: a chuva é imprescindível. O riso, também. O poder, na esfera federal, um ab-uso.